domingo, 23 de setembro de 2007

Rufus, The Gay Messiah

O mais recente álbum de Rufus Wainwright foi gravado na Alemanha, em Berlim, onde este blogueiro planeja aportar-se em breve... Bem, Rufus passou a temporada na Bundesrepublik gravando, produzindo (o primeiro que ele mesmo produziu, dos cinco álbuns lançados), visitando palácios barrocos, e palácio barroco é o que mais tem na Alemanha, o templo da música produzida nesta época, para citar os mais conhecidos, Schütz, Bach e Häendel eram de lá. Rufus, parece-me um pouco desolado, tal quase como Michael Stipe no Around the Sun, o último de estúdio do R.E.M.
Rufus continua com a sua veia operística afinadíssima. Ele consegue estabelecer entre a ópera e a música clássica e a música pop um diálogo produtivo e não só o faz, mas como o faz com qualidade. Citações de Bolero de Ravel e Fantasma da Ópera são evidenciadas em algumas das citações correntes. Belíssimas! (mania superlativa). Rufus cria, às vezes, um paralelo da música de cabaret do pórtico parisiense do início do século passado com aquela de saloon, dos perdidos e findos do Texas. E todas as composições são carregadas de um lirismo carregado, com melodias que chegam, às vezes, causar sede de tão doces. Rufus Wainwright sabe dosar muito bem isso, e no álbum Release the Stars, em canções como Going To A Town, aborda um certo ceticismo sobre a América, onde dá-lhe um leve contorno político.
Rufus vem de lá do norte, como muitos, é canadense de nascimento, mas foi criado pela mãe (a cantora folk/country Kate McGarrigle) na "América" de Going To A Town e, como o próprio título da canção diz, ele parece estar de malas prontas pra voltar pra casa, a América tornou-se uma grande desilusão. Cansou. A produção do álbum na Alemanha deve estar relacionado a este desgaste, além, é claro, do namorado dele, como Schütz, Bach e Häendel, também ser de lá.

Além de filho da cantora canadense Kate McGarrigle, Rufus é filho de Loudon Wainwright III, figura marcante na cena country canadense dos anos 70, além de ter a também cantora Martha Wainwright como irmã caçula. Esta é dona de um timbre de voz típico das entoadas dos ranchos do oeste americano, muito bom de se ouvir, de se ter.

Rufus tende a seguir um conceito de qualidade apregoado e produzido por poucos hoje no show bussiness, no mainstream ou na cena independente, tal como Morrissey, Radiohead e Björk, que, por mais estranho que possam ser os álbuns, por mais suspeitas que sejam as veredas que seguem ou mesmo a popularidade crescente que atingem com o tempo, a qualidade e a proposta artística deles não se alteram, arrebanhando, assim, ainda mais admiradores, incluindo muitos céticos de carteirinha.

À portuguesa, esperamos a oportunidade de vê-lo aportando por estes trópicos.
Só pra pincelar sobre o filho desta família que canta, aqui segue um pequeno video de Rufus cantando com a irmã Martha, a canção é April Fools (data equivalente ao Dia da Mentira no Brasil), uma bonita canção do primeiro disco homônimo de Rufus, que ficou ainda mais bela no encontro de vozes desta linhagem:





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