domingo, 19 de setembro de 2010

Elfchen

Blaue
Die Meer
Ich will alles
von Ort zu Ort
Nichts!

Hallo!
mein Leben
Sonne, Mond, Sterne
Tage, Stunden, Minuten, Sekunden
Hoch!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sintetiza Dores

Ouço "Heroes" e vem um turbilhão de coisas. Momentos que equilibram-se entre tristes e alegres. A canção foi um marco já na primeira vez que a ouvi, nos anos 80 (entre 88 e 89), ao assistir ao filme Christiane F. - Wir Kinder von Bahnhof Zoo (Christiane F. - Drogada e Prostituída). Quando apenas menino se ouve a canção ao final do filme, nos créditos, perturba. Eu me senti assim. Um exemplo de que a música tem o poder de transcender à mera questão idiomática.

Perturba também ouvir "Sense of Doubt" - instrumental - também do álbum Heroes e da trilha sonora do filme. É a música incidental do isolamento de Christiane. O filme de 1981 foi lançado quatro anós após o homônimo álbum clássico de Bowie, que compunha a informal "trilogia de Berlim".

Há alguns dias, passava pela esquina Augusta-Paulista, enquanto sintonizava alguma rádio, ouvi "Heroes". Algumas lágrimas escorreram. O dia não fora fácil; a luta que tenho nesses últimos dias também não. Não passei incólume ao verso We can beat them, just for one day.

Não fico imune à "Heroes". Não só à música, mas a todo o álbum homônimo, que dos discos de Bowie, é o mais intrigante; não é meu preferido dos discos do Bowie, mas é o que mais me causa pensamentos e lembranças. O lendário Brian Eno é o responsável pelos míticos sintetizadores que parecem atingir mais a espinha que os ouvidos que, junto com a linha de baixo positivista, marcam o álbum.

A "Heroes" que ouvi enquanto estava às 23h na rua Augusta não é a de Bowie, é uma regravação que o grupo nova-iorquino TV On The Radio fez para o projeto "War Child: Heroes", onde grandes intérpretes releem clássicos de Dylan, de Brian Wilson, do próprio Bowie, de The Clash etc.

Hoje, o álbum é relacionado ao desenvolvimento do que conhecemos hoje como música eletrônica, de sintatizadores e de bate-estacas - de "Beauty and the Best" a "The Secret Life of Arabia". "Heroes" já foi tantas vezes regravada, algumas versões muito boas, outras nem tanto; e entre os que já a regravaram estão Wallflowers, Oasis, Kasabian, Arcade Fire e tantos outros.

A canção fala da história de uma casal que se encontra e se beija ao pé do muro de Berlim, sob rajadas de balas que passam sobre suas cabeças. "A vergonha está do lado de lá", diz a letra.

É difícil dizer se Bowie ali é triste, se é cru, ou se apenas se utiliza de um fato real para fazer poesia com um momento particular que vivia, pois neste momento ele vivia na Alemanha Oriental, do "lado de lá" do muro. O outro lado ainda pouco conhecido. Mas o que tenho comigo é que a canção sintetiza alguma dor, sem dúvida, com aqueles, mais espaciais que terrenos, sintetizadores.

E ali diz que podemos ser heróis, ao menos por um dia...


"Helden" é a versão alemã de "Heroes".