quinta-feira, 31 de julho de 2008

Mina Mazzini

Mina Mazzini é uma das maiores intérpretes da música popular italiana. Com sua pontual tonalidade e força na voz, faz dramatizações absolutas das canções que interpreta. Um bom exemplo é a Se telefonando, canção escrita por Enio Morricone à Mina.
Num crescendo, a voz de Mina Mazzini vulcaniza alguma dor, e a expele para os últimos patamares do pensamento, no desenvolvimento da canção: uma amostra da composição dos mediterrânicos.



Apresentação na TV italiana - Rai (1964)

domingo, 27 de julho de 2008

Tristessa


Tristessa não é a junkie corrompida, puta de Kerouac. Tristessa é quem dormiu comigo esta noite, dividiu o travesseiro e a confusão que enchia a cabeça. Tristessa é forte, com as ancas certas, tudo no lugar. Tristessa, como a outra, tinha a carne dourada, as coxas voluptuosas; com um qualquer gesto fatal, na sedução da psiqué hipnotiza-me em sua tenra carne. Tristessa nem sabe o meu nome, Tristessa nada a mim confessa, mas me quer. Não dá satisfação, mas cede destempero. Commençons, si vous le voulez bien, par un rapide historique de la situation. Tristessa parece apaixonada, esvoaça-se para mim, por mim, ainda que não dê ao menos um bom-dia, que tanto espero ouvir, de uma companheira, de um amor. Após muito pensar, não peço a Tristessa amor; descobri que nada pode me dar, e que tem um poder de subtração que não cabe em minha explicação. Não argumenta-se.
Tristessa me acompanhou até a esquina, precisava comprar alguma coisa para o café: não tinha pão e o leite que tinha era só em pó; mas Tristessa não me falou sobre o café, queria mesmo só a mim. Parece que, a descrição que se substancia será impregnada de negativas e nãos infinitos, só porque o esperado, e a boa esperança sobre Tristessa, jamais, em vida, se concretizarão. Se estou conformado? Tristessa não me conforma, outra vez, jamais, mas tem um poder consolador que desintegra um pensamento mais racional sobre esta situação. Tento uma abstração de todo esse momento, quando percebo Tristessa apoiar-se sobre o meus ombros e começar a ditar minha escrita...
O dia de Tristessa e o meu apenas começou, e algo, subjacente desta paráfrase, quer nos unir. Me afasto do pensamento, atenho-me a uma esperança doce que me apartará dos braços quentes de Tristessa...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Revolução Ideal

They don't make 'em like that any more

A noite é doce. No ar, um cheiro acre sobe até o pensamento. Na TV, os créditos de Todo Sobre Mi Madre. Na cabeça, as cenas de All About Eve. Cecilia Roth, Bette Davis. A segunda está no meu quarto, apoiada numa das montanhas de livros que pendem sobre o rack. A noite é mesmo doce, mas não sei se há predicativo para resumi-la. O filme parou; a minha vida, por uns instantes, também. Depois que a música também pára, procuro numa das pastas uma outra. Assim é para tudo, não é? Terminado um livro, vamos ver se há em nossa coleção outro para mexer com as nossas sensibilidades. Outros biscoitos nos armários para os desejos; outros sabores. Para a vida é preciso sabores distintos, bons e únicos.

As nossas discussões devem ser, ao menos em parte, diferentes, com o objetivo de permear intrigas saudáveis, justas, mas, acima de tudo, novas. Com essa causa para os desentendimentos, novos e não ordinários. Não há relação que se sobressaia sob as mesmas alegações, de problemas e de injustiças - tudo há de ser novo, ainda que não seja cômodo e belo.

"Nas tristezas em que se cutuca, nas saudades em que se abastece, nos risos em que se agarra, nos abraços em que se protege, e nos nós que apertam o peito, há de ter algo de novo, que seja duradouro, perecível, mas que seja motivador de novas lutas, uma nova batalha para fazer valer a vez da existência circular. Novos barulhos, afonias e eufonias; o princípio a começar pelo fim do que se sonhou, tudo abrigo de um desejo pelo novo: a esteira da esperança ilibada, palalavrada pelo coração honesto com o sentimento, com o sangue que circula."

É um pensamento que teço num tear de vapor que começa a funcionar; a revolução ideal em mim.

domingo, 20 de julho de 2008

Dois dias em um

Maria levanta os dois braços, a camiseta desce cobrindo pouco a pouco seu corpo: sua cabeça, seus seios, seu tronco. O descenso termina exato quando a vestimenta já lhe cobre. A aurora do sul vaza a janela, reflete no espelho, que por sua vez joga a luz na porta de seu guarda-roupa. É a emissão do atestado de que um novo dia está por começar, outra relação de sentimentos a serem discutidos para colocá-la no entendimento da situação, na felicidade conta-gotas, no aborrecimento avalanche de todas as manhãs. Poupou o café novo; preferiu, mais por economia de instantes, se abastecer do café requentado, amanhecido e repousado na pia naquela madrugada fria. Pegou o bule, que lhe escapou das mãos provocando o primeiro estardalhaço daquele dia - o alumínio retinindo contra a cerâmica que cobria o chão frio da cozinha fria. Era tão algures, mas desinteressada daquela verdade, não se importa com tal ressonância, com o som agudo fervilhando nos ouvidos, ou nos ouvidos daqueles com quem dividia o quintal. É muito provável que boa parte dos patriarcas ou matriarcas daqueles clãs já tenha partido para a lavoura mecânica da cidade, a muitos quilômetros dali. No máximo, quem sobrara no quintal eram os filhos, os mais velhos para cuidarem dos mais novos; era o que percebera até então no quarto de ano que passara ali. A sua família era ela mesma, prestava contas apenas para si, mas isso não matava a força supra que ainda conseguia retirar do café passado, daquelas manhãs desbotadas e embaçadas. Mesmo depois do rosto lavado e do sono descaracterizado, regia as idéias para supri-la de alguma boa nova, que nem sempre acontecia nos dias de todos os dias.
A felicidade para Maria era impessoal, não estava ligada a coisas de sorte ou oportunidade, estava mais para as coisas de espírito e de percepção, de retenção do bom estado e da harmonia de como se retém a energia que constrói o mundo, em cada segundo de cada pensamento.
Stand Inside Your Love
Amor recupera tudo. Pra tudo deve recuperar Amor. Sempre aprendeu nas letras dos cadernos da escola, naquelas caligrafias ginasiais amarfanhadas pela mochila. Aprendia sobre a energia elementar, sobre as dissoluções da física nuclear, da força centrífuga, dos vetores e das unidades de força, da mistura periódica de gases e tempo, de outras coisas dos homens resumidas na tabela de períodos, de símbolos. O balão da memória lhe enchia o tórax de ar, saciava-se da hora nervosa da ebulição efervescente da lembrança armazenada na instância superior de sua consciência. Era um pensamento limítrofe pensar naquilo de “novos dias”, de “novas idéias”: tudo a incomodava num perímetro maior de que os seus braços podiam alcançar, e nunca podiam ser alcançados mesmo e ser postos para fora da zona que ela considerava segura o suficiente para manter pleno o funcionamento de seu coração em contigüidade com a racionalização do momento, daquilo que residia lá, na matéria que a desmoronava em nostalgia – e nostalgia era o nome que se dava à matéria liquidificada pelo sentimento de quem se amanhava e se alimentava da liquefação do tempo existido, ido, datado em uma dimensão apartada da realidade do respiro, do agora que era da manhã que nasceu.
Maria saiu, viu a manhã e o sol rebater no retrovisor do carro que saía da garagem a quatro portões do seu. O dia já existia.

***

Já era tardezinha quando notou o barulho das árvores e suas folhagens farfalhando desertas na pequeneza ou na esperteza daquele lugar, do universo. A hora do belo ensaio da despedida do sol contra a aspereza do que fora o dia para Maria. Caminha até a praça que conhecera apenas há alguns dias, ali era o lugar de que se lembrava naquela cidade onde pudesse repousar e libertar-se dos pensamentos que a incomodavam, e que a empurravam para o abismo da solidão. Maria é nova na praça, na cidade. Maria é nova para Maria. Desde que saiu de casa para os préstimos da vida, para a vitória, havia nela uma sensação de estranhamento sobre todas as coisas - a ausência do pai, da mãe, da irmã lhe esvaziavam o peito de ar, alimentando-a de soluços secos, mas que não a prostravam na condição. O peito já não se enche e nem se sobrepõe como na manhã. Naquela hora, o negrume é só o de seus cabelos na penumbra, forte, longe do feixe de luz que emana do poste, onde prosta seu corpo leve e cansado.
Maria é bonita, no simples e objetivo sentido da palavra. Seus olhos castanhos, amêndoas, pareciam dinamitar os detestáveis. Seus cabelos também castanhos, lisos, ganhavam descanso em seus ombros pequenos suaves e ainda tão fortes. Maria tem vinte e um. Os seus sonhos parecem ter muito mais que a sua idade, parecem muito antigos e com um frescor que adolesce com certa intensidade. Maria nunca estivera antes em uma cidade tão grande, tão tensa, tão formosa e com tantos olhares que deflagravam alegria e tristeza quase na mesma proporção. Maria nunca estivera tão só. Fora criada e educada numa cidade pequena, onde as arestas do município eram bem conhecidas: as pessoas tinham nomes, dividiam as vidas com a cidade e multiplicavam confiança. Viera para a cidade para o estudo superior, para a faculdade, tão sonhada pelo pai, de Agronomia. O seu pai a via muito logo gerindo os negócios, cuidando da produção e distribuição das hortaliças, cuidando de seus contatos com os distribuidores, das vendas e ampliando o empreendimento. Sempre que se via nos sonhos do pai Maria não se via. A projeção do futuro era difícil para Maria, como um projetor sem filme para rodar.
Naquela tarde, quando tentava assimilar um momento bom e uma fuga do estabelecido, desde o ritual de vestir-se com a blusa de alças finas ajustando-se ao corpo, chorou, chorou como criança, mas Maria ainda era uma infante, percebeu o refúgio quente no cigarro onde tragou angústia, tentou convencer-se de que aquele vazio se dissolveria no ar, tal como a fumaça do cigarro. Agora estava com a ponta do cigarro nos dedos e com os olhos nela, e a cabeça fora dela: o vazio permanecera. O seu relógio marca cinco e quarenta e cinco; o sol se prepara pra sair, é quando despeja melancolicamente a luz que dava a cor de saúde à pele desbotada de seu rosto, e escondida sob o cardigã vermelho - presente da mãe. O choro poderia ser abafado pela manga do cardigã, como foi; o som agudo e baixo da sua baixa sintonia poderia ser ouvido, ainda assim, por quem passasse por ali. Tentou entender de que precisava de um controle, caminhou, ainda com os olhos encharcados e vermelhos, sentia. Estava restabelecendo quando sorveu o primeiro gole da coca-cola que comprou ali, naquela esquina que observara todo o tempo enquanto esteve sentada, onde acompanhou o movimento, a deslocar dos transeuntes; quantos problemas cortavam aquela esquina, quantas lembranças esfumaçavam ante os ônibus e os táxis que paravam ali, naquela esquina que observou durante toda a tarde e onde comprou a coca que lhe resolvia. A bebida descia como uma droga experiente que lhe acalmava: era um placebo. A bebida gasosa era um dos paliativos de que utilizaria para ânimo ou para despistar os olhos dos outros de seus olhos vermelhos e ainda úmidos. Precisava de uma aspirina ou de qualquer coisa que a exonerasse daquela dor de cabeça que começava a incomodar.
Abre a bolsa à procura do comprimido, e vê que trouxe consigo o discman: precisava mesmo de uma música que fosse. Melodias seriam o analgésico de Maria. Algumas notas poderiam trazer a Maria do início do dia, mais confiante de si, menos inebriante, com mais sentidos que suporia quem pudesse olhar para o seu rosto pequeno, coeso e esvaído de um torpor de sentimento. Um dos fones de seu discman não funcionava. Ligou o aparelho que agora poderia ser uma salvação da noite e esquecer de que poderia não ter tido aquela tarde, aqueles pensamentos. E com apenas um dos fones começou a ouvir Nick Cave & the Bad Seeds. Deixara o Let Love In dentro no aparelho porque o amava. Era um daqueles casos de amor e cumplicidade de que não se consegue explicar. Nick Cave era uma jóia para Maria, as suas canções a amornara e a desestranhara da vida já tantas vezes, desde os dezessete, quando assistiu a um filme, do qual não lembrava o nome, no velho videocassete de Ângela, sua amiga de infância e de travessuras juvenis. Haviam pegado o filme porque o professor de história pediu para a composição de um trabalho sobre a Alemanha do pós-guerra, e para isso consultariam uma bibliografia extensa; e um dos filmes da lista era este de que Maria se lembrava do som, menos da imagem. Nick Cave aparecia no filme, desfiando toda a insalubridade de que Maria sentia desde a pré-adolescência, quando percebia alterações significativas no seu pequeno corpo esguio. Cave, para Maria, era a resolução das funções matemáticas e biológicas alimentadas pela sua cabeça jovem, pelas impertinências, pelas indecências camufladas sob a película de seus sonhos, que ganhavam formas sob seus olhos de retinas sisas e brilhantes. O dia já transformado em noite ficara menos denso, com música para os ouvidos e para o peito de Maria.
Algo ainda não se encaixara no eixo de suas idéias, mas a cabeça de Maria parecia entender com mais frieza sobre o destemperamento da lógica por que caminhava em seu mundo. A música arruínou a sua, agora finita, deprimência; ergueu-se a lembrança do dia e a mostrou à noite. Maria tinha música no coração. As debilidades se encaixavam a partir daquele momento, e todo o equilíbrio parecia estar de volta; desde o momento em que se levantou e sentiu o vento do sul soprar através das venezianas, mas não tinha luz ali que pudesse vazar até onde estava, mas havia ao menos uma nesga de luz para os seus movimentos, e sentia a partir de então que uma enorme causa dentro de si ganhava gás, na força incontinenti de Maria. Tinha algo mais nela que não podia ser sorvido com a bebida, e parava na garganta. Não se sabe mais se é aquela angústia tragada no cigarro ou se é o choro que lhe quer render. Tudo está mais calmo, e Maria sabia que tinha, além de música no coração, a sensibilidade de que a luz que procurava ali não brilharia.
Com os olhos secos, com a boca seca, os pensamentos secos levantou, caminhou, olhou para o céu, como se para fiscalizar a quantidade de estrelas daquela noite, e ficou minutos com a cabeça erguida para os pontos de luzes distantes que a noite exibia. Mais decidida sobre a vida, sobre aquela noite, sorriu com uma honestidade de criança, serelepe, e saiu. O seu caminho a esperava por aquela hora, aquele era o momento da honestidade e o da superação: a vez do caminho de volta e a de passar a limpo os dois dias que fora aquele dia.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Taxidermia do amor perdido

O amor existe. Ponto. Todos estão felizes. Ponto. Para viver basta amar. Ponto. Todos os nossos juízos estão certos e os teares do coração bem ajustados para tecer a felicidade que não amolecerá jamais. Ponto. A igualdade entre os povos nasce do amor. Ponto. As idéias planas, os amores vivos. Ponto. Todos lutam por um mundo melhor. Ponto.


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Os relacionamentos tendem a ser melhores daqui por diante, sim. As pessoas se amam mais hoje do que antigamente. Tudo ajuda. As comunicações facilitadas e as distâncias diminuídas são a chave para os corações não estilhaçarem. Ainda que eles já estejam perdidos ou, melhor, partidos - no fim das contas parônimos viram sinônimos e tudo torna-se uma coisa só: alegria ou decepção. A alegria é mais irrigada, mas a decepção florece mais. Juramos que não haverá outra discussão. E nos queremos tanto. Nos queremos tanto que nos enjoamos um do outro, enjoamos um ao outro. Sonhamos cada um em nosso mundo de cores, mas o querer é tanto que as cores desbotam na inércia infinitesimal desse sentimento. É simples, "vem cá, vamos nos abraçar e esquecer as mágoas, as brigas, vamos nos ajudar, vamos lá, nos jogar do altiplano e ver todo o mundo durante a queda." É preciso ver de longe, lá de cima: Olímpia, as cariátides gregas, as pontes engenhadas, todos os espelhos do mundo a nos refletir: "eu, você"; o badalar do sino da igreja velha, quase demolida pelo tempo, como o nosso coração: demolido pelo tempo.
Todas as verdades, de algum jeito, estão conosco, mas adoramos apostar na mentira. E sempre vamos achar que somos felizes assim. De um modo, somos mesmo felizes. De um modo, um modo apenas, porque, nos demais modos, somos duas abelhas a vagar em busca de um lugar para poder colher o pólen para fabricar o mel no mundo amargo que fabricamos. O amor ainda pode ser alguma coisa que se pode confiar, mas a estratificação das emoções e dos sentimentos, inclusive das razões, não são dignas de crédito, nem de nossas energias, para poder fazer valer a máxima de que "para viver basta amar".


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Não posso mentir pra mim, então digo que você é a suprema beleza: me aparece e me faz feliz; me enternece e consegue interligar as diferentes instâncias da minha mente e do meu corpo. Entre os dois há um abismo imensurável, isso é verdade, mas a imensura passa a ser combalida ou, ao menos, desafiada por esta carta, por este texto, por esta anedota. Todas as minhas palavras, faladas ou escritas, são frutos deste destemperamento contínuo de meu raciocínio com as lógicas do sexo e com a matemática dos desejos que me subvertem.
Nunca estive tão são. Nunca estive tão apegado às negativas que afirmam o meu estado de pura auto-admoestação. Mas tudo por um bom emprego da força que ainda existe para poder me fazer senil em meio à essa academia de dor, onde destroça-se o passado, desfia-se os minutos, copia-se as tantas horas contadas que guarneceram nossos dias ternos e muito absolutos por sermos tão ingênuos, quando ríamos por um mero tropeço, por um soluço. As ligaduras do passado machucam e amortecem; com as mãos tão estendidas para o futuro, corro pra tudo que está lá na frente - nestes amanheceres repetidos, aprendo outra vez mais. Tão tácitos: a sessão do sacrifício e do riso. O desmembramento dos opostos e dos efêmeros. Sou uma criança, é verdade. E sempre pensei que já fosse um homem e fosse dono de todo o ciso do mundo.


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Mas o moleque sabe que precisa entender das coisas do amor, por isso o estuda pedaço a pedaço, momento a momento. Pesquisa o amor, empalha o coração. Sobra uma réstia de vida pra tudo isso? Resta, sim, a réstia guardada no corpo e na alma do rapaz que um dia leu aquela história sobre as vezes de amar, as vezes de perder, as vezes de lutar e as outras aquelas de concordar com as perenes verdades que vão flagelar todas as vidas de desassossego, inclusive a sua.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Manhãs frias


Nestas manhãs frias, o meu "desejo" de permanecer sob as cobertas é maior. Claro, nisso não há nenhuma novidade. Noites e manhãs mais tênues, com o metabolismo desacelerado. Esperar o porvir, o "acontecer". Ainda que herdando as desestabilizações e preocupações do dia anterior, nos atemos ao fio de esperança que nos dará o sentimento de que o dia que começa será melhor. Tudo será melhor de alguma forma, e esse "tudo" requer forças descomunais sem intervalos para descanso, todos os dias. Nossa luta recomeça, não termina, achamos que com o sono, nos sonhos, nos libertamos dessa verdade, mas apenas estamos nos atendo ainda mais a ela, só que de uma forma mais positiva, pelo menos é o que diz o "desejo" que emparelha as horas que dividimos com a "existência". "Tudo" está aqui, assim como o "acontecer" será rotina, sejam frias ou mornas as madrugadas; a "existência" nos permite pensar sobre o que poderá ser feito para que não sejamos somente "desejo". Debaixo das cobertas, o sono se estabelece outra vez, dali onde posso ver o mar...

Voltando...

Ai! Mais de 45 dias sem um post. Problemas técnicos já resolvidos.