quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

J.D. Salinger

Hoje, o mundo despede-se de um indivíduo recluso, avesso a todos aqueles que buscam saber mais sobre o que o faz ser quem ele é: o que ele escreveu.

Mas Holden Caulfield continua. Atormentado, ainda aguardando uma resposta sobre as coisas mais elementares da vida - mal ele sabe que a resposta é a própria vida. E é vida, no âmbito material, que Jerome David Salinger agora não é, mas, mais do que nunca, é pura literatura, ainda que esta confunda-se com a vida de maneira a deixar-nos confusos e não saber o que é uma e o que é outra.

No seu rancho, do seu rancho, por seu rancho Salinger nos apresentou a perturbância de Holden Caulfield, e como essa não cessaria, a não ser com a abstinência do que citei: vida.

Como diz Otto Maria Carpeaux, "as obras de vanguarda apenas são lidas pela vanguarda". Pois Apanhador no Campo de Centeio (Catcher in the Rye) começou assim, com uma tiragem limitadíssima antes de ser descoberta - tal qual outras da literatura norte-americana e mundial - como uma joia. Agora, o campo de centeio espraia-se para o vasto espaço em corações que ainda tentam suprir uma carência que eles mesmos ainda não sabem qual é.

No meu modesto conceito, o Apanhador é muito menos do que dizem e muito maior do que propriamente é. Um "romance da inocência", parafraseando novamente Carpeaux.

Sigo o curso das páginas, de uma ou outra linha, e mais páginas, pontos e exclamações, até que vem aquela interrogação. O que tantos estes caracteres tem a ver comigo? Na real, nada. É que me caracterizo, de literatura em literatura, de rua em rua, para aprender um pouquinho mais daquilo que preciso.

Salinger se foi, como Hesse também. Mas basta esticar o braço até a estante para alcançar as metáforas de Emil Sinclair e de Holden Caulfield, ou se perder para a morte na casuística sonífera vida de um contador de estórias.

Antes de agradecer a Salinger e Hesse, agradeço às palavras, estas as pontes, fios interconectores de uma verdade de um presente contínuo.

O melhor Salinger não estava nem em Caulfield, mas nas pequenas estórias.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mudanças

Apesar deste blogue ser algo muito pessoal, não participar de qualquer meio de divulgação, me impressiona que em menos de 1 ano tenha recebido mais de 4.000 cliques.

Mas a pessoabilidade deste meio passará por mudanças, e é também por isso que as postagens têm rareado por aqui.

Em breve volto para as novas, e com frequência já não rara.

Marcelo

3650 dias

Há 3650 dias eu ouvia essa música pela primeira vez.

Eu era um garoto bem menino. Crescendo, desaprendendo, desafinando, sorrindo, indo... Para onde não sei. Ainda não sei. É tudo o que procuro saber, com música ou quieto, provando um silêncio debaixo do travesseiro.

Com 20 você não pensa jamais chegar aos 30, ainda que diga: "Quando eu for gente grande, serei...". Mas essa "gente" aqui não cresce nunca. Não cresce mesmo. Espera um bocado de tempo para perceber que ainda é moleque. Homem? Que nada! Imaturo, fraco, tímido... As mesmas coisas de quando criança, a diferença é de que hoje os tempos estão modernos, os modernos não têm tempo, e o tempo já não consegue se ver se colocado na palma da mão - vivo um período diferente, mas parecido com o tempo que já passou.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A volta

A volta para o batente da escrita. Para reorganização da vida, que parece agora recortada em episódios. É a volta. Não há uma taça para saudar um início, para todo fim, para tudo.

É a hora de tudo começar, no ciclo que todos conhecemos: o da vida.

Marcelo Maia Torres - domingo - 10 de janeiro de 2010