quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sendo

Uma pausa às línguas estranhas, ao cotidiano que não é meu, a verdade que não amanhece e não divide a mesa do meu café...

O pão queimou na tentativa de fazer torrada e era apenas um pote e o seu resto de manteiga, agora é só um pote: minha verdade. Na tentativa de comer flores, me engasguei com os espinhos. A realidade está espalhada pelo meu quarto: minha cama, os chinelos, alguns pensamentos jovens já envelhecidos e uma vontade louca e abstrata... tudo por uma felicidade, como todo mundo (ou como poucos).

Desemboca a perspectiva, a percepção, que em mim nunca foram muito boas, talvez fossem quando tive nove anos... hoje são vinte e seis, e o raio desta esfera permanece inalterado desde os nove, mas é como se tivesse se expandido na proporção em que cresço, em que a minha ignorância amadurece e percebo que os musicais do cinema são apenas os movimentos causuísticos da tela, Billie Holliday apenas Billie Holliday, Ovolmatine apenas aglomerado de açúcar misturado ao leite, e meu estômago não é de aço.

Se sou forte? Claro! Eu não teria sobrevido a queda de minha infância, não teria forças então para encarar a mesa do café, a mesma que testemunha o pão queimado e a tentativa frustrada de fazer torrada...

Amigo, uma pausa à sua deficiência, a minha incoerência e a nossa inexatidão, deixe-me que vou lhe mostrar o que me separa do mundo: JANELA. Mas através dela tenho a certeza do sol. (Voltei a sorrir, acho).

*Texto escrito originalmente na noite de 26 de agosto de 2006.

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