sábado, 3 de fevereiro de 2007

5 para as 6

Charlotte, por Willy Wanderperre

Quem nunca ouviu Je T’Aime (Moi Non Plus), hit n° 1 dos motéis do cantor, compositor, ator, poeta e provocador francês Serge Gainsbourg? Provavelmente, muitos de nós, e não é brincadeira, podemos ter sido "fabricados" ao embalo desta canção. Aquela música preenchida por gemidos que são, segundo a lenda, de Brigitte Bardot que gemia nua no estúdio para poder dar uma sensação mais próxima de uma situação “real”, para a produção dos sons que viria compor a canção. Mas isso é pura lenda mesmo, porque os gemidos da canção são da namorada de Gainsbourg na época, a também cantora e atriz inglesa Jane Birkin, que posteriormente viria a ser a sua esposa. Mas a melhor obra desses dois não foi Moi Non Plus, talvez ainda seja a mais conhecida, e de longe essa também não é a melhor canção de Monsieur Gainsbourg.

O melhor feito de Jane e Serge se chama Charlotte. Com a marca registrada dos dois, Charlotte Gainsbourg mostra-se como um dos símbolos do novo cinema francês e, como o pai e a mãe, não se limita a um único ofício, a garota também canta e, diga-se de passagem, muito bem. Charlotte causou polêmica quando na adolescência fez um dueto com o pai na canção Lemon Incest, onde os dois aparecem com pouca roupa na cama recitando a canção. Essa canção viria a dar o nome ao seu primeiro álbum, lançado em 1998.

Mas a razão desta resenha é mesmo o mais recente álbum de Charlotte, 5:55, um dos melhores do ano de 2006. Bem produzido e repleto de belas canções, e sem delongas: você tem que ter. É doce e provocativo em todas as faixas, tal como em Beauty Mark, That Songs That We Sing e Little Monsters. Mas para fazer este álbum Charlotte se cercou do melhor, podemos dizer, que há hoje no mundo pop. O grande Jarvis Cocker, ex-líder do Pulp, e Neil Hannon, do The Divine Comedy, encarregados das letras acertaram em cheio. A parte musical foi delegada à dupla Air, Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin, que também sempre acertam, não só nos seus álbuns como na excelente trilha sonora do filme As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides), dirigido pela Sofia Coppola. Charlotte não é boba, portanto, sabe muito bem que com um time destes fica muito mais fácil ganhar o jogo, ponto para ela e para o quarteto fantástico, que conseguiram construir uma das mais belas preciosidades do pop dos últimos tempos. A faixa título que abre o disco faz com que você sinta vontade de ouvi-lo inteiro logo de cara e a seguinte, AF607105, que é bem o estilo do Air, mostra que eles estão mesmo falando sério, mas bonito. As bases de piano são lindas que, acrescidas da voz sussurrante de Charlotte, fazem das canções declarações múltiplas, não só de amor.

2 comentários:

Anônimo disse...

muito interessante... gosto muito dela e ainda não ouvi o cd... ainda não deu pra baixar o link, mas assim que der quero saber como é o seu trabalho como cantora, já que só conheço o de atriz. Não vejo a hora de escutar! Valeu pelo post!

Salomão Terra disse...

Muito interessante... Adoro o som dessa francesinha!!! Créditos também para Nigel Godrich (produtor do Radiohead), que também participa das produções do album... valew