quinta-feira, 6 de março de 2008

Paixões que Alucinam



Tudo pelo Pulitzer. Manicômio; a insensatez como viés para o reconhecimento; a glória. Samuel Fuller, como de costume, joga com as imagens para atordoar quem assiste à seus filmes. A junção de preto e branco acético com as alucinações coloridas tonalizam o desejo do diretor; não são flashbacks, são imagens desorientadoras, deformando a percepção sobre a verdade e a mentira, a distinção entre o sensato e o insano.


Mesmo com orçamento modesto, Sam Fuller, aliado a fotografia febril de Stanley Cortez, desenha e dá os parâmetros da história de loucura que se funde a razão (ou vice-versa) para angariar os objetivos que darão a tão desejada reputação ao protagonista, vivido por Peter Breck, ainda que estes sejam basicamente construídos pela vaidade. O jornalista Johnny Barrett se interna em um hospital psiquiátrico com o intuito de desvendar um assassinato ocorrido na instituição e, com isso, ganhar fama, reconhecimento e conquistar o Prêmio Pulitzer. O protagonista mede os meios para o fim mas não as conseqüências. Está criado o laboratório perfeito por Fuller para retratar a América.


Quem são os loucos, os insanos? Os normais, quem são?


As deduções e conclusões ficam a cargo de cada um que assiste a esta película pertubadora. O filme inicia-se e encerra-se com a seguinte frase de Eurípides:


"A quem Deus quer destruir, primeiro o enlouquece."


Uma bela parábola política por um cineasta instigador, incoseqüente, no melhor sentido da palavra.

Ficha Técnica:

Título Paixões que Alucinam (Shock Corridor)

Direção e Roteiro: Samuel Fuller

Ano de produção: 1963

País: EUA

Elenco: Peter Breck, Constance Tower, Gene Evans e James Best

Direção de Fotografia: Stanley Cortez

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