LEMBRANÇA. Essa é a palavra. Sim, lembrança. Tão utilizada e tão recorrente no prolífico léxico alimentado todos os dias com novos vocábulos, novas idas, novas voltas, novas lembranças. Muitas lembranças me remetem pra outra instância da vida quando olho para os meus coturnos velhos jogados num canto do meu quarto... Estão empoeirados, e até com cheiro de bolor, mofo. O preto que os sublinhava, agora é camuflado por uma camada de pó, e fios de cabelo, e partículas do ar que passaram por ali e ficaram, até pedaço de caminhos que se instalaram numa das frestas dos solados, e que permanecem ali, como se esperassem a vez de voltarem ao local de origem, a velha e sempre nova estrada original... Hoje é sexta-feira. Ouço Old Shoes (And Picture Postcards), Tom Waits, canção de seu primeiro disco, Closing Time, de 1973... A sentimentalidade dos sapatos velhos, dos coturnos grossos, deixa-me frágil, enternece-me ainda mais. É só a lembrança de um velho músico e de um velho menino...
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