Outubro: conhecido no meio literário como um mês de premiações do segmento ao redor do mundo. Sem divagações, a mais esperada é a divulgação do nome do vencedor do Nobel de Literatura. Muitos ficam ansiosos e se perguntam "Quem levará dessa vez?". Tal como uma espécie de "oscar" da literatura. Mas eu não gosto deste tipo de comparação - são coisas completamente distintas. Mas quem já trabalhou com livros sabe que mesmo os mais desligados por este universo da ficção, literário, às vezes se volta a prestar atenção no nome que será divulgado pela academia sueca, pra então correr pra livraria ou pra internet pra comprar o que seria "o livro mais relevante" daquele escritor ou daquela escritora.
Nesta manhã, a Real Academia Sueca de Ciências agraciou a escritora romeno-alemã Herta Müller com o Nobel de Literatura de 2009. Ainda que o escritor deste blogue, particularmente, não tenha lido ainda nenhuma obra desta escritora, mas, como curioso e estudioso da literatura de expressão alemã, não poderia passar despercebido pelo universo que rodeia a ficção da escritora. Para Herta Müller a literatura é uma forma de redenção e de trabalhar a situação de repressão vivida quando ainda residia na Romênia, até meados dos anos 80, época da ditadura de Nicolay Ceaucescu, quando então mudou-se para a Alemanha. Um dos pilares de Herta é a vida de oprimidos, vítimas de guerra, e de pessoas perdidas em meio ao terror de um mundo que é indiferente aos seus problemas e às suas aspirações. Outros escritores, vencedores do Nobel ou não, já menearam a literatura com este viés sociológico ou libertário, casos como os de William Faulkner, Joseph Heller, Carson McCullers, Toni Morrison, Günter Grass, Alfred Döblin, Máximo Gorki, etc.
Com este prêmio, a Alemanha soma já 11 escritores laureados com o mais representativo dos prêmios concedidos no mundo da literatura - indepententemente de discussões de sua significância politica ou das relativizações de seu mérito. Torna-se o país com o maior número de "conquistas", ultrapassando os norte-americanos, que detêm 10 premiações. Pode servir como uma amostragem de quão os países investem e valorizam a formação intelectual - não obrigatoriamente, mas culturalmente - de pensamento e de discussão, sintetizada numa única palavra: EDUCAÇÃO.
É preciso ressaltar que o Nobel de Literatura também não é um prêmio dos mais justos, pois grandes escritores nunca o conquistaram, ainda que tivessem requisitos de sobra, como Marcel Proust, Juan Rulfo, James Joyce, Virginia Woolf e João Guimarães Rosa, só para citar alguns. E talvez o prêmio Nobel de Literatura não signifique quase nada, e não será um prêmio literário que alçará um país ao status quo do equilíbrio econômico e social. Não é mesmo. No entanto valorizamos como uma essência fundamental o título de País do Futebol. Título que também não nos confere melhoria nenhuma, no quesito cidadão brasileiro, e não nos traz reputação no quesito respeito e justiça com o seu povo, no âmbito mundial. Mas que é bonito é, e tem a sua significância e importância dentro da nossa cultura popular. Mas seria preferível nunca ter vencido Copa do Mundo nenhuma e ter uma justiça educacional que fizesse com que pensadores brasileiros tivessem os seus nomes gravados na história do pensamento de relevância do mundo. Temos 5 Copas do Mundo e nenhum Nobel. A Argélia, país que já viveu as desmazelas de uma guerra civil, não conquistou nehuma Copa, tem 1 escritor com o Nobel: Albert Camus; o Chile, nosso vizinho, nunca conquistou a Copa do Mundo, mas tem 2 escritores que venceram o Nobel de Literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
E pra os que acham que é impossível concomitantemente pensar e fazer, ler e jogar, ser sério e ser feliz, a Alemanha, novamente mostra que, utilizando a analogia da literatura e do futebol, é possível, com um pouco de organização: a Alemanha é tricampeã mundial de futebol.
País que não lê, não escreve. Intão vamu superfaturá e fazê olimpíada...
Nesta manhã, a Real Academia Sueca de Ciências agraciou a escritora romeno-alemã Herta Müller com o Nobel de Literatura de 2009. Ainda que o escritor deste blogue, particularmente, não tenha lido ainda nenhuma obra desta escritora, mas, como curioso e estudioso da literatura de expressão alemã, não poderia passar despercebido pelo universo que rodeia a ficção da escritora. Para Herta Müller a literatura é uma forma de redenção e de trabalhar a situação de repressão vivida quando ainda residia na Romênia, até meados dos anos 80, época da ditadura de Nicolay Ceaucescu, quando então mudou-se para a Alemanha. Um dos pilares de Herta é a vida de oprimidos, vítimas de guerra, e de pessoas perdidas em meio ao terror de um mundo que é indiferente aos seus problemas e às suas aspirações. Outros escritores, vencedores do Nobel ou não, já menearam a literatura com este viés sociológico ou libertário, casos como os de William Faulkner, Joseph Heller, Carson McCullers, Toni Morrison, Günter Grass, Alfred Döblin, Máximo Gorki, etc.
Com este prêmio, a Alemanha soma já 11 escritores laureados com o mais representativo dos prêmios concedidos no mundo da literatura - indepententemente de discussões de sua significância politica ou das relativizações de seu mérito. Torna-se o país com o maior número de "conquistas", ultrapassando os norte-americanos, que detêm 10 premiações. Pode servir como uma amostragem de quão os países investem e valorizam a formação intelectual - não obrigatoriamente, mas culturalmente - de pensamento e de discussão, sintetizada numa única palavra: EDUCAÇÃO.
É preciso ressaltar que o Nobel de Literatura também não é um prêmio dos mais justos, pois grandes escritores nunca o conquistaram, ainda que tivessem requisitos de sobra, como Marcel Proust, Juan Rulfo, James Joyce, Virginia Woolf e João Guimarães Rosa, só para citar alguns. E talvez o prêmio Nobel de Literatura não signifique quase nada, e não será um prêmio literário que alçará um país ao status quo do equilíbrio econômico e social. Não é mesmo. No entanto valorizamos como uma essência fundamental o título de País do Futebol. Título que também não nos confere melhoria nenhuma, no quesito cidadão brasileiro, e não nos traz reputação no quesito respeito e justiça com o seu povo, no âmbito mundial. Mas que é bonito é, e tem a sua significância e importância dentro da nossa cultura popular. Mas seria preferível nunca ter vencido Copa do Mundo nenhuma e ter uma justiça educacional que fizesse com que pensadores brasileiros tivessem os seus nomes gravados na história do pensamento de relevância do mundo. Temos 5 Copas do Mundo e nenhum Nobel. A Argélia, país que já viveu as desmazelas de uma guerra civil, não conquistou nehuma Copa, tem 1 escritor com o Nobel: Albert Camus; o Chile, nosso vizinho, nunca conquistou a Copa do Mundo, mas tem 2 escritores que venceram o Nobel de Literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
E pra os que acham que é impossível concomitantemente pensar e fazer, ler e jogar, ser sério e ser feliz, a Alemanha, novamente mostra que, utilizando a analogia da literatura e do futebol, é possível, com um pouco de organização: a Alemanha é tricampeã mundial de futebol.
País que não lê, não escreve. Intão vamu superfaturá e fazê olimpíada...
Um comentário:
ki leiáute bunito du ceu blogue
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