quinta-feira, 22 de outubro de 2009

François Truffaut


la nuit américaine - jean-pierre léaud, jaqueline bisset et françois truffaut

assistir um 'truffaut' pode ser tão delicioso ou mais que, dependendo do dia, uma trepada ou uma barra de chocolate. todas essas coisas controlam as nossas ansiedades, mas apenas truffaut as materializa diante dos olhos para fazer-nos entendê-las. a bruteza do sexo é boa e das melhores coisas humanas que podem ser trocadas deixando-se o raciocíno à parte, misturando-o ao singelo modo de perceber a vida sem percebê-la; o chocolate nos reaviva e faz-nos buscar um 'eu' que a nossa 'criança' quer e que o nosso 'adulto' repele. truffaut junta o raciocíno, o despercebimento e o prazer e convida à nossa 'criança' e ao nosso 'adulto' a entreterem-se numa mesa de lanche ou diante de uma tela, onde os sonhos se cristalizam mutando lágrimas escorridas em fotogramas que intuirão o melhor meio de se caminhar entre os corredores de nossa casa para os quartos em que guardamos e deixamos repousar nossas vidas sobre travesseiros. a nossa essência, a nossa demência truffaut pode nos mostrar. precisou de muito ou de pouco, conforme a percepção de cada indivíduo. a sensação que nos causa um 'truffaut' é diversa, multicolorida ainda que a película seja preto & branco. nascer, assistir um tourbillon é magna; ver crescer antoine doinel é sublime, tal qual ver a nossa 'criança' crescer, subir às alturas e dizer que já está pronta para o mundo. e como truffaut nos preparou e foi tão paciente em procurar fazer com que esse mundo não fosse tão ruim assim como o vemos nos jornais, na tv e no cinema, este último sua paixão precoce.


desculpe-nos, françois, mas há tanto por que chorar e choramos ao lembrarmo-nos de películas que falam da amizade, da separação, do medo, do futuro que sempre nos permearam. e continuarão assim num movimento contínuo, qual uma regra da natureza. mas ainda será preciso um 'truffaut' para uma outra lágrima bem resolvida? advindo françois que nos tornou seus sequazes, ainda há estórias e histórias que precisam ser contadas, mostradas e assistidas, mas já não, talvez, magnânimas como as suas lentes puderam nos fazer crer e intuir. haja vida, françois. haja movimento e um som e uma canção que sintetize o turbilhão da vida em que você nos colocou.

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