É encantador ver o nosso Presidente empenhado em trazer os Jogos Olímpicos para o Brasil, assim como fez para trazer a Copa do Mundo, ainda que esta segunda não lhe tenha demandado muito esforço.
Mas seria deveras encantador, e muito mais, se houvesse empenho tamanho - político e financeiro - para que houvesse uma transmutação de condição da situação de idosos, trabalhadores, atletas e também para os futuros trabalhadores, atletas e idosos: nossas crianças. Ou seja, dos Brasileiros.
Sem o objetivo de querer levantar bandeira e discurso de repúdia aos Jogos Olímpicos ou à Copa do Mundo, já que o alcance deste veículo (blogue - isso, escreve-se com e no final, porque eu quero) é pequeno, quase nulo, mas seria bom, boníssimo e encantador um Rio sem balas encontradas e sem balas perdidas; uma São Paulo sem o desarrazoado problema da poluição e sem o insistente Tietê afogado no plástico e no esgoto (desde que o blogueiro tinha 11 anos ouve que o rio será um dia limpo), e todo o resto do país com um programa de educação e sustentabilidade sério.
Há outra Olímpiada que precisaríamos vencer, ou pelo menos chegarmos no caminho de, para que pudéssemos encher o peito para falar que somos um país de primeira grandeza, como o nosso querido e popular Presidente fez questão de ressaltar, logo que o Rio foi anunciado como a sede olímpica de 2016.
Bem, a outra Olímpiada é aquela que sentimos dia-a-dia. Que parece esquecida por tanta gente, principalmente por aqueles que cuidam do dinheiro dos nossos impostos.
Gostaríamos apenas que o Brasil não fosse uma mentira, como é a China. Pequim recentemente organizou os Jogos Olímpicos, e isso não faz da China um país melhor. Podem ter desenvolvido para os Jogos uma infra-estrutura social, econômica e esportiva que aquela cidade não conhecia, mas, como um todo, a China continua a ser uma grande e dantesca mentira. Sabe-se bem as condições limítrofes de vida da grande parte da população chinesa que vive sob condições precárias, sub-humanas, e que Pequim ou Xangai, cidades desenvolvidas da grande república da Ásia, não servem de espelho para demonstrar a verdadeira China, ou aquela que acreditamos ser o espelho de seu povo. O que está bem às claras, é que o comprometimento do governo chinês na realização dos Jogos olímpicos de Pequim era nada mais do que uma "propaganda" transliterada de um país que economicamente galopa para galgar o posto mais alto da economia mundial. E propaganda não é novidade no que diz respeito ao cerne olímpico, basta revisar a história e verificar que os Jogos de 1936, de Berlim, tentou ser utilizado por Hitler como propagação das ideias nazistas, ainda que não tenha logrado o sucesso esperado, e este fracasso é sintetizado pela imagem do atleta negro Jesse Owens que desbancou a chamada "raça superior" ou "ariana" de Hitler, nas Olímpiadas de Berlim.
Portanto, tudo o que Brasil não precisa é de propaganda, porque quem vive neste país não se vê representado naquele vídeo maquiado que o Comitê Olímpico Brasileiro utilizou para "emocionar" os delegados do COI, e todos aqueles que assistiam à apresentação. Ali se vê uma Rio de Janeiro límpida, colorida e encantadora. Este Rio já existiu, hoje não mais. O fato é que teremos um evento de alta magnitude dentro de pouco mais de 6 anos. E nós, brasileiros, gostaríamos de que as Olimpíadas, como a história nos mostra, não fossem, mais uma vez, realizadas como um disfarce e maquiagem; uma rele propaganda de um país, para fazer média com o mundo para conquistar objetivos meramente estratégicos e geopolíticos que nem sempre coincidem com a melhoria e o bem-estar de sua população, como, por exemplo, uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU, para gabar-se de uma pseudo-importância no cenário mundial, e no entanto não cumpre com os mais elementares deveres de casa, que é a atenção, segurança e o cuidado aos que formam esta nação: toda a população. Chega de rímel e de pó-de-arroz para mascarar falta de propostas , de solução, ou falta de vontade em encarar os nossos problemas históricos, coloniais, estes, sim, muito elementares.
Enfim, este texto era para ser apenas um pequeno parágrafo que serviria de introdução à reprodução do texto de Clóvis Rossi, publicado hoje - 5/10 - na sua coluna Janela Para o Mundo, no Folha Online, que aborda aquela Olimpíada que precisaríamos vencer. Na verdade, precisamos - pelo menos deveria ser entendido assim, como uma obrigação, como meta para trabalharmos melhor essa dignidade que tanto buscamos que é a ideia de sermos Brasileiros, apesar do Brasil.
A Olimpíada que perdemos. Sempre
Clóvis Rossi
Não deixa de ser pedagógico o fato de as Nações Unidas terem divulgado o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) apenas 48 horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decretado que o Brasil passara a ser um país de "primeira classe", porque o Rio fora escolhido para sede da Olimpíada de 2016.
Não, presidente, o Brasil é de 75ª classe, a sua classificação no IDH, vexatória como sempre.
Aliás, toda vez que sai um ranking internacional que mede algum aspecto do desenvolvimento humano, o Brasil passa vergonha.
Ficou, desta vez, quase empatado com a Bósnia-Herzegovina. Ajuda-memória: a Bósnia-Herzegovina é aquele pedaço da antiga Iugoslávia que passou faz pouco menos de 20 anos por um genocídio --e nada é mais devastador para o desenvolvimento humano que uma guerra como aquela.
O Brasil, ao contrário, não tem uma guerra desse tipo desde a do Paraguai, no remoto século 19. Não obstante, empaca no desenvolvimento humano desde sempre.
O que torna ainda mais desagradável o resultado é o fato de que, nos 15 anos mais recentes, o país teve dois governos de eficiência acima do padrão usual e de proclamadas intenções sociais --algumas realizadas, outras nem tanto ou nada.
O Brasil de fato passou a ter, nos últimos anos, um peso internacional inédito na sua história, mas o IDH só dá total razão ao que escrevi domingo, para a Folha: "Nada de perder a perspectiva: os que fizeram a viagem [rumo à primeira classe] são poucos, pouquíssimos políticos, um bom número de diplomatas e funcionários públicos graduados, um número crescente mas ainda pequeno de empresários. É uma vanguarda que, se olhar para trás, verá que a grande massa ainda come poeira".
A ONU assinou embaixo. E de quebra desmontou a falácia dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como as grandes potências de um futuro próximo. A Rússia ficou pouco acima do Brasil, no 71º lugar; a China, bem abaixo, no 92º. A Índia, então, é de terceira classe no capítulo desenvolvimento humano (134º posto).
Fonte: Folha Online
Mas seria deveras encantador, e muito mais, se houvesse empenho tamanho - político e financeiro - para que houvesse uma transmutação de condição da situação de idosos, trabalhadores, atletas e também para os futuros trabalhadores, atletas e idosos: nossas crianças. Ou seja, dos Brasileiros.
Sem o objetivo de querer levantar bandeira e discurso de repúdia aos Jogos Olímpicos ou à Copa do Mundo, já que o alcance deste veículo (blogue - isso, escreve-se com e no final, porque eu quero) é pequeno, quase nulo, mas seria bom, boníssimo e encantador um Rio sem balas encontradas e sem balas perdidas; uma São Paulo sem o desarrazoado problema da poluição e sem o insistente Tietê afogado no plástico e no esgoto (desde que o blogueiro tinha 11 anos ouve que o rio será um dia limpo), e todo o resto do país com um programa de educação e sustentabilidade sério.
Há outra Olímpiada que precisaríamos vencer, ou pelo menos chegarmos no caminho de, para que pudéssemos encher o peito para falar que somos um país de primeira grandeza, como o nosso querido e popular Presidente fez questão de ressaltar, logo que o Rio foi anunciado como a sede olímpica de 2016.
Bem, a outra Olímpiada é aquela que sentimos dia-a-dia. Que parece esquecida por tanta gente, principalmente por aqueles que cuidam do dinheiro dos nossos impostos.
Gostaríamos apenas que o Brasil não fosse uma mentira, como é a China. Pequim recentemente organizou os Jogos Olímpicos, e isso não faz da China um país melhor. Podem ter desenvolvido para os Jogos uma infra-estrutura social, econômica e esportiva que aquela cidade não conhecia, mas, como um todo, a China continua a ser uma grande e dantesca mentira. Sabe-se bem as condições limítrofes de vida da grande parte da população chinesa que vive sob condições precárias, sub-humanas, e que Pequim ou Xangai, cidades desenvolvidas da grande república da Ásia, não servem de espelho para demonstrar a verdadeira China, ou aquela que acreditamos ser o espelho de seu povo. O que está bem às claras, é que o comprometimento do governo chinês na realização dos Jogos olímpicos de Pequim era nada mais do que uma "propaganda" transliterada de um país que economicamente galopa para galgar o posto mais alto da economia mundial. E propaganda não é novidade no que diz respeito ao cerne olímpico, basta revisar a história e verificar que os Jogos de 1936, de Berlim, tentou ser utilizado por Hitler como propagação das ideias nazistas, ainda que não tenha logrado o sucesso esperado, e este fracasso é sintetizado pela imagem do atleta negro Jesse Owens que desbancou a chamada "raça superior" ou "ariana" de Hitler, nas Olímpiadas de Berlim.
Portanto, tudo o que Brasil não precisa é de propaganda, porque quem vive neste país não se vê representado naquele vídeo maquiado que o Comitê Olímpico Brasileiro utilizou para "emocionar" os delegados do COI, e todos aqueles que assistiam à apresentação. Ali se vê uma Rio de Janeiro límpida, colorida e encantadora. Este Rio já existiu, hoje não mais. O fato é que teremos um evento de alta magnitude dentro de pouco mais de 6 anos. E nós, brasileiros, gostaríamos de que as Olimpíadas, como a história nos mostra, não fossem, mais uma vez, realizadas como um disfarce e maquiagem; uma rele propaganda de um país, para fazer média com o mundo para conquistar objetivos meramente estratégicos e geopolíticos que nem sempre coincidem com a melhoria e o bem-estar de sua população, como, por exemplo, uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU, para gabar-se de uma pseudo-importância no cenário mundial, e no entanto não cumpre com os mais elementares deveres de casa, que é a atenção, segurança e o cuidado aos que formam esta nação: toda a população. Chega de rímel e de pó-de-arroz para mascarar falta de propostas , de solução, ou falta de vontade em encarar os nossos problemas históricos, coloniais, estes, sim, muito elementares.
Enfim, este texto era para ser apenas um pequeno parágrafo que serviria de introdução à reprodução do texto de Clóvis Rossi, publicado hoje - 5/10 - na sua coluna Janela Para o Mundo, no Folha Online, que aborda aquela Olimpíada que precisaríamos vencer. Na verdade, precisamos - pelo menos deveria ser entendido assim, como uma obrigação, como meta para trabalharmos melhor essa dignidade que tanto buscamos que é a ideia de sermos Brasileiros, apesar do Brasil.
*********
A Olimpíada que perdemos. Sempre
Clóvis Rossi
Não deixa de ser pedagógico o fato de as Nações Unidas terem divulgado o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) apenas 48 horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter decretado que o Brasil passara a ser um país de "primeira classe", porque o Rio fora escolhido para sede da Olimpíada de 2016.
Não, presidente, o Brasil é de 75ª classe, a sua classificação no IDH, vexatória como sempre.
Aliás, toda vez que sai um ranking internacional que mede algum aspecto do desenvolvimento humano, o Brasil passa vergonha.
Ficou, desta vez, quase empatado com a Bósnia-Herzegovina. Ajuda-memória: a Bósnia-Herzegovina é aquele pedaço da antiga Iugoslávia que passou faz pouco menos de 20 anos por um genocídio --e nada é mais devastador para o desenvolvimento humano que uma guerra como aquela.
O Brasil, ao contrário, não tem uma guerra desse tipo desde a do Paraguai, no remoto século 19. Não obstante, empaca no desenvolvimento humano desde sempre.
O que torna ainda mais desagradável o resultado é o fato de que, nos 15 anos mais recentes, o país teve dois governos de eficiência acima do padrão usual e de proclamadas intenções sociais --algumas realizadas, outras nem tanto ou nada.
O Brasil de fato passou a ter, nos últimos anos, um peso internacional inédito na sua história, mas o IDH só dá total razão ao que escrevi domingo, para a Folha: "Nada de perder a perspectiva: os que fizeram a viagem [rumo à primeira classe] são poucos, pouquíssimos políticos, um bom número de diplomatas e funcionários públicos graduados, um número crescente mas ainda pequeno de empresários. É uma vanguarda que, se olhar para trás, verá que a grande massa ainda come poeira".
A ONU assinou embaixo. E de quebra desmontou a falácia dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como as grandes potências de um futuro próximo. A Rússia ficou pouco acima do Brasil, no 71º lugar; a China, bem abaixo, no 92º. A Índia, então, é de terceira classe no capítulo desenvolvimento humano (134º posto).
Fonte: Folha Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário