quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os infinitos hexágonos que constituem o mundo


Decifre o texto ou lhe tiro a vida! Decifre a vida ou lhe tiro o texto!
Quais são os hexágonos - estes em números insondáveis, por isto infinitos - que fazem do mundo "mundo"? Um mundo inexclamável, que não deveria ser destacado num arranjo ortográfico entre aspas, pois as aspas são uma espécie de raspas de letra, não são? Uma espécie de cedilhas inutilizados, pois há tão poucos "c" para tantos cedilhas, aí, nesta infinitude de sinais, símbolos, arranjaram um emprego para utilização destas sobras, raspas ortográficas que são as " ".
E já são infinitos os códigos e por isso não há outra razão de ser assim também o mundo.
Se vão, levem-me então. Levem-me para que eu seja levado leve. (Grifo meu)
O mundo é uma biblioteca infinita ou a biblioteca é um mundo infinito? O que pode nos esclarecer as nossas letras, pontos, vírgulas, reticências, exclamações, números, algaritmos e as infinitas combinações entre os mesmos? Tudo ou nada...
"Nada" me faz lembrar o "Tudo" que há para ser preenchido ou o "Nada" pré-existente. Decifro as moscas que andam sobre a laranja, a ruína porque andei onde batem as ondas, as pedras que chutei que cortavam o caminho, ou os caminhos. Tudo está descrito e explanado nos infinitos hexágonos que fazem disto um mundo que possibilite a esfera de um outro mundo extinto que coexistiu paralelamente à metafísica desse nosso outro mundo, que acostumamos identificá-lo nos sonhos espessos que se abrem, vez ou outra, para o que entendemos de "mundo real". E nada disso é sonho. Nada mais além de "arranjos ortográficos".


"...La Biblioteca existe ab alterno. De esa verdad cuyo colorario inmediato es la eternidad futura del mundo, ninguna mente razonable puede dudar. El hombre, el imperfecto bibliotecario, puede ser obra del azar o de los demiurgos malévolos; el universo, con su elegante dotación de anaqueles, de tomos enigmáticos, de infatigables escaleras para el viajero y de letrinas para el bibliotecario sentado, sólo puede ser obra de un dios. Para percibir la distancia que hay entre lo divino y lo humano, basta comparar estos rudos símbolos trémulos que mi falible mano garabatea en la tapa de un libro, con las letras orgánicas del interior: puntuales, delicadas, negrísimas, inimitablemente simétricas." (A Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges, em Ficções (1941))

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