quinta-feira, 24 de julho de 2008

Revolução Ideal

They don't make 'em like that any more

A noite é doce. No ar, um cheiro acre sobe até o pensamento. Na TV, os créditos de Todo Sobre Mi Madre. Na cabeça, as cenas de All About Eve. Cecilia Roth, Bette Davis. A segunda está no meu quarto, apoiada numa das montanhas de livros que pendem sobre o rack. A noite é mesmo doce, mas não sei se há predicativo para resumi-la. O filme parou; a minha vida, por uns instantes, também. Depois que a música também pára, procuro numa das pastas uma outra. Assim é para tudo, não é? Terminado um livro, vamos ver se há em nossa coleção outro para mexer com as nossas sensibilidades. Outros biscoitos nos armários para os desejos; outros sabores. Para a vida é preciso sabores distintos, bons e únicos.

As nossas discussões devem ser, ao menos em parte, diferentes, com o objetivo de permear intrigas saudáveis, justas, mas, acima de tudo, novas. Com essa causa para os desentendimentos, novos e não ordinários. Não há relação que se sobressaia sob as mesmas alegações, de problemas e de injustiças - tudo há de ser novo, ainda que não seja cômodo e belo.

"Nas tristezas em que se cutuca, nas saudades em que se abastece, nos risos em que se agarra, nos abraços em que se protege, e nos nós que apertam o peito, há de ter algo de novo, que seja duradouro, perecível, mas que seja motivador de novas lutas, uma nova batalha para fazer valer a vez da existência circular. Novos barulhos, afonias e eufonias; o princípio a começar pelo fim do que se sonhou, tudo abrigo de um desejo pelo novo: a esteira da esperança ilibada, palalavrada pelo coração honesto com o sentimento, com o sangue que circula."

É um pensamento que teço num tear de vapor que começa a funcionar; a revolução ideal em mim.

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