Retorno de Saturno. Fecha-se um ciclo, inicia-se outro. Saturno em trânsito ajusta-se à mesma posição do início. A noite assemelha-se com o céu que brilhou no tempo em que a possibilidade deixava de ser Marcelo e Marcelo passava a ser a possibilidade. O gerúndio da vida nascendo. Não mais uma discussão sobre a intervenção nos novos dias da Sra. Maria do Carmo e do Sr. Elson, da Carminha e do Dé: uma pessoa pequena de entrão na vida das vidas, num canto do mundo. A posição das estrelas mais ajustadas com a do primeiro engasgo, do primeiro choro e do primeiro desentendimento com o que era apresentado, em sentidos nada apurados, num absoluto desconhecido de som, imagem e cheiro. A reflexão da vida: nascia-se.
Neste sábado, observação do céu e pura medição, não como estudiosos o fariam ou o explicariam; mas num jeito de só observar a explosão nascente, a sensação descente de existência, estar de face com o momento de glória inicado há vinte e oito invernos, e com flores. Ver a desforra de alguns astros, a vésper vespertina e a desonra de outras, testemunhas da separação da alma matter, há quase mil e quinhentas semanas. Desfazia-se no plano físico a união perfeita dos nove meses que constitui-se em união de alma. Deixava-se a possibilidade somente à placenta. Era vida, então.
Fotograr a noite particular, ser câmera, ser pautas de caderno, ser memória embebida e tão suficiente para guardar o fluxo de imagens embaralhadas na retina, gravar o som... Só dizer. Mas, também, absorver o que só será uma noite pra muitos, uma outra de latrocínios, uma outra de suicídios, uma outra de teorizações ou outra mais amena de ventiladores de tetos, de espelhos, de beijos e de sacanagens. Uma de outras que virão a ser abençoadas neste ciclo que não cessa, uma outra vida mais realidade em tudo com todos. Uma noite nova para todos, novos símbolos, serão os mesmos de um passado não visto, mas sentido.
A contabilidade em vinte e oito; respirar, envolver, carinhar na matemática de um número perfeito, igual à soma de seus divisores próprios. 1 + 2 + 4 + 7 + 14 = 28. Dividir-se e recalcular-se na ordem dos números naturais de constituição, que são:
Ouvir Cemetery Gates, chorar e agradecer.
Pés All Star, caminhar e sorrir.
Jeans, estimular os músculos das pernas.
Ver Jules et Jim, apertar coração, rir.
Abraçar mãe, lembrar pai, receber amigo.
Beijar menina e devolver beijo e provocação.
Beber, Ser, Acalmar.
April Fools, Pale September, Frosti...
Livros em dúzia separados
Outros em centenas lidos.
Desenhos e fotografias do que se é.
28 voltas.
28 sensações.
28 revoluções.
Todos minutos contados sempre, vai lá...
Herói, filho, esperança e saudade.
A revisita começa e parece não ter momento definido para terminar.
O dia é de sol e a noite será como tem que ser. Como nosso pensamento teimar, talvez, mas como tem que ser.
Feliz pela nova revolução, pelo ciclo, pela renovação, por tudo. Pelos que agradecem, pelos que suplicam seu sorriso, pelos que te abraçam sem pedir abraço. Pelo telefone trim-trim, pela batedeira vrum-vrum, pelas panelas tam-tam, pelo relógio tic, pelo tempo tac, por você smack, por mim crack, por tudinho; e há um sensaboria nisto que não é conhecido mas é tão perfeitinho. O ciclo interminável, como a da crise de Saturno: tarefa solitária. Aos 7, primeira quadratura de Saturno natal com Saturno em trânsito; aos 14, primeira oposição de Saturno; aos 21, na segunda quadratura de Saturno; aos 28, o retorno.
O retorno das coisas, da vida em ponto culminante, para começar todas as outras coisas pensadas. Nice day for a smile or nice day for a sulk... To Me.
Nenhum comentário:
Postar um comentário