Setembro começou ontem - mês que mais gosto desde criança. Claro, fazer aniversário neste mês colaborou para isso, mas não só. Na 2ª série, a professora distribuiu uma folha mimeografada, com desenho de flores, que simbolizavam a chegada da primavera. Coloríamos as flores e reforçávamos os seus contornos originais de azul-céu-carbono com cores que não combinavam com cores de flores: verde com folhas azuis; eu era um destes meninos rebelados com as cores, com as cores de verdade do mundo de verdade da professora. Já via, desde então, sem nenhuma consciência disso, que os sulfites "alcoolizados" pelo mimeógrafo eram um meio de transgredir e de dissipar um pouco dessa energia de invenção que nos faz tão distintos. Inventa-se e vive-se um pouco mais.
Isso era importante pra mim, de algum modo, mas, muito compreensível, a professora não entendeu um menino de 8 anos subverter o referencial do mundo exterior para dar vida, em uma folha de sulfite, à criação do imaginário de um mundo que pudesse ter flores verdes e folhas azuis.
(Hoje, adulto, vejo que tragédias absurdas são possíveis e já fazem parte de nossa preparação diária enfrentá-las. Dissentimentos menores tornando-se razões suficientes para uma catarse para destruir as relações - e não pode-se alterar nada nem mesmo cores).
O cotidiano caos das metrópoles deve e precisa ser aceito com a normalidade inquestionável, de que todo o universo que a compõe que é explicável nas razões do mundo moderno, das ambições contemporâneas (e desde sempre) por tempo e por dinheiro. "Tudo por uma boa causa". A nossa auto-destruição deve ser suportada juntamente com as topadas nas calçadas das avenidas ,mas todas devem ser esquecidas com indiferença destra e instantânea.
E é tão difícil conceber adultos e crianças querendo fugir à regra para tornarem-se, ao menos por momentos muito restritos, alheios à inormalidade dessas coisas, quando tentam colorir os seus mundos com outras cores, com outros substratos que possam lhe conferir muito mais sentido de vida do que têm sido o mundo pintado fora das folhas de sulfites.
É por isso que eu gosto de setembro - há a lembrança de criança de que eu posso mudar tudo colorindo as flores do jeito que não devem ser coloridas, para colorir-se a idéia coletiva das flores e de toda idéia de beleza que elas carregam.
As cerejeiras deixam a minha calçada rosa.
Isso era importante pra mim, de algum modo, mas, muito compreensível, a professora não entendeu um menino de 8 anos subverter o referencial do mundo exterior para dar vida, em uma folha de sulfite, à criação do imaginário de um mundo que pudesse ter flores verdes e folhas azuis.
(Hoje, adulto, vejo que tragédias absurdas são possíveis e já fazem parte de nossa preparação diária enfrentá-las. Dissentimentos menores tornando-se razões suficientes para uma catarse para destruir as relações - e não pode-se alterar nada nem mesmo cores).
O cotidiano caos das metrópoles deve e precisa ser aceito com a normalidade inquestionável, de que todo o universo que a compõe que é explicável nas razões do mundo moderno, das ambições contemporâneas (e desde sempre) por tempo e por dinheiro. "Tudo por uma boa causa". A nossa auto-destruição deve ser suportada juntamente com as topadas nas calçadas das avenidas ,mas todas devem ser esquecidas com indiferença destra e instantânea.
E é tão difícil conceber adultos e crianças querendo fugir à regra para tornarem-se, ao menos por momentos muito restritos, alheios à inormalidade dessas coisas, quando tentam colorir os seus mundos com outras cores, com outros substratos que possam lhe conferir muito mais sentido de vida do que têm sido o mundo pintado fora das folhas de sulfites.
É por isso que eu gosto de setembro - há a lembrança de criança de que eu posso mudar tudo colorindo as flores do jeito que não devem ser coloridas, para colorir-se a idéia coletiva das flores e de toda idéia de beleza que elas carregam.
As cerejeiras deixam a minha calçada rosa.
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