Certas vezes uma professora acadêmica uruguaia, em algumas de nossas conversas, fazia questão de "linchar" o seu compatriota Mario Benedetti, escritor que admiro muito. Benedetti faleceu em 2009. Mas antes mesmo de partir, romances e contos do uruguaio me fizeram rir e, por ventura, me fizeram verter lágrima, mesmo em dia feliz. Eu fazia questão de deixar claro para a professora que eu gostava do Benedetti, mas ela ressaltava que o escritor, em Montevidéu e em todo o Uruguai, era visto como um daqueles meros figurantes da cena literária uruguaia, vá lá da América Latina. Para mim isso nunca foi importante. Benedetti é grande, tal como Onetti, outro grande escritor na literatura uruguaia.
Ressaltava os dotes de Juan Carlos Onetti, escritor que Copacabana e eu conhecemos muito bem. E eu comigo: por que para ela Onetti sim e Benedetti não?
Dois fabulosos, dois grandes, únicos.
Pois é. Por que eu digo tudo isso? Não é por Onetti, nem por Benedetti. É por outro. É por Saramago. Na verdade, este texto não sairia agora, ou talvez nunca. Pois não quero fazer aqui algo que já ocorre mundo afora, falar de alguém só porque esse alguém morreu. Mas Saramago não é alguém. É que a morte de Saramago me lembra um pouco a morte de Benedetti. É lógico que Saramago, por ser um escritor agraciado com um Nobel e ser um escritor de nossa língua portuguesa tenha sua morte mais repercurtida nos jornais. Não é pelo Nobel, mas porque Saramago era quem era.
Em maio de 2009, com a morte de Benedetti, Saramago disse:
O planeta se tornou pequeno para abrigar a emoção das pessoas.
A poesia de Benedetti é um alento em dias difíceis, como a prosa de Saramago é um contínuo redescobrimento de uma língua e do jeito de pensar essa língua.
Os reacionários normalmente têm aversão às letras de Benedetti e Saramago, será porque os dois eram de convicções políticas de esquerda? O segundo mais radical que o primeiro. Mas as convicções políticas agora não são importantes. Importa saber que temos um material riquíssimo quando temos o livro de um ou de outro em mãos. É uma ferramenta e tanto para ajudar a fazer com o que o mundo possa abarcar melhor as emoções.
Lendo ambos, apreendi a consciência de sermos contistuídos de uma matéria infinitamente finita, tal constatação de Saramago me acorda de um sono difícil. Mas as palavras leves de Benedetti em meio a tormentas fazem com que a minha cabeça retorne ao repouso.
É mesmo: mais do que nunca, o mundo tornou-se ainda mais pequeno. Incontestável.
Benedetti era gigante e Saramago assim também achava. Quem sou eu para discordar do português? Fico com os dois.
Ressaltava os dotes de Juan Carlos Onetti, escritor que Copacabana e eu conhecemos muito bem. E eu comigo: por que para ela Onetti sim e Benedetti não?
Dois fabulosos, dois grandes, únicos.
Pois é. Por que eu digo tudo isso? Não é por Onetti, nem por Benedetti. É por outro. É por Saramago. Na verdade, este texto não sairia agora, ou talvez nunca. Pois não quero fazer aqui algo que já ocorre mundo afora, falar de alguém só porque esse alguém morreu. Mas Saramago não é alguém. É que a morte de Saramago me lembra um pouco a morte de Benedetti. É lógico que Saramago, por ser um escritor agraciado com um Nobel e ser um escritor de nossa língua portuguesa tenha sua morte mais repercurtida nos jornais. Não é pelo Nobel, mas porque Saramago era quem era.
Em maio de 2009, com a morte de Benedetti, Saramago disse:
O planeta se tornou pequeno para abrigar a emoção das pessoas.
A poesia de Benedetti é um alento em dias difíceis, como a prosa de Saramago é um contínuo redescobrimento de uma língua e do jeito de pensar essa língua.
Os reacionários normalmente têm aversão às letras de Benedetti e Saramago, será porque os dois eram de convicções políticas de esquerda? O segundo mais radical que o primeiro. Mas as convicções políticas agora não são importantes. Importa saber que temos um material riquíssimo quando temos o livro de um ou de outro em mãos. É uma ferramenta e tanto para ajudar a fazer com o que o mundo possa abarcar melhor as emoções.
Lendo ambos, apreendi a consciência de sermos contistuídos de uma matéria infinitamente finita, tal constatação de Saramago me acorda de um sono difícil. Mas as palavras leves de Benedetti em meio a tormentas fazem com que a minha cabeça retorne ao repouso.
É mesmo: mais do que nunca, o mundo tornou-se ainda mais pequeno. Incontestável.
Benedetti era gigante e Saramago assim também achava. Quem sou eu para discordar do português? Fico com os dois.
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