Simula Factory, de Martha Wainwright, para manter a leveza de todo o dia... Momento de brevidade, sim, mas não único. Ah, caipirinha sertaneja, dos confins canadenses... Idílio é sua voz. Estou idiota. Conecto-me também a canção dos Triplets, do musical The Band Wagon, a essa minha audição, de lá do brejo, lá do norte, bem norte das Américas.
Mas saí do musical, voltei aos braços de Martha, melhor, à voz de Martha, e a ouço cantando tão linear I'll Be Seeing You. É mágica. Até música de natal ela canta. Não é mais natal, nem vai ser. Aliás, vai ser, mais pro fim do ano, só. Está longe? Nada! Vem logo, num instante. As luzinhas voltarão a rodear as árvores. Piscar nas residências. That's enternainment. Pianinhos e corais, crianças com asinhas de anjo. Mas agora é praia. É a palavra. É férias. É o momento. Somos todos momentos, não me atravo a dizer a razão. Mas todos os dias nos dividem, em Ítalo Calvino e Ricardo Piglia, nos misturamos nas comédias dos suspenses de nossos cobertores. Somos felizes? Acho que sim, do nosso jeito de ser sem querer com todas as coisas e acontecimentos da vida. Nunca temos culpa e somos os maiores responsáveis.
Somos nós e desatos, a liberdade de estarmos presos a esses segmentos circulares, sem fim e nem começo de toda a vida. Inicia-se no mesmo momento que termina - ouço Martha cantando música de natal, quando fingia sapatear com os dedos sobre a escrivaninha -. Nossas imprecisões são de alguma forma decências. Cativo o meu lugarzinho, minha paixão; tudo num balaio que se mistura tristeza e vontade de chorar, com lamúrias e um bruto desejo de gargalhar na companhia das músicas e das pessoas mais adoráveis.
Sino toca, sentimento toca, a música também; o coração em compasso, a banda também. O meu destino escrito em almaço, o meu diário na brochura, os meus propósitos nas pautas da agenda do ano passado. Vingou 2007. Vingou 2006. Vingou 2005... Vingou 1979. É a precisão de sempre, o desejo desde de quando houve um porvir e uma sensação de que VIDA é um aforisma de discussão para as faculdades de filosofia - The Great Gig In The Sky. Um grito enorme ecoa, piano e piano. Melodia.
O disco toca já há um tempo, e não termina.
Não precisamos terminar. As nossas rotações são tão infinitas quanto às nossas necessidades de erros e acertos, equilíbrio que se metamorfosea em lírica vésper a se contar nos dias não nublados...
Quantas nuvens não houveram hoje para que pudéssemos contar as estrelas?
Quantas estrelas houveram hoje para que não se pudesse haver nuvens para que não as escondessem e então para que pudéssemos contá-las?
O disco toca, toca.
Como nós, ele não termina. Agora é só a hora do Lado B.
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